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Osama: Ele não era mais útil ao império. O mundo árabe está ficando “civilizado” demais


A rede de televisão CNN noticiou a pouco mais de uma hora a morte daquele que era o homem mais procurado do mundo. Amamentado pelos americanos para enfrentar os soviéticos na guerra fria, virando após um “boy rebelde” convergiu em tudo aquilo que os americanos precisavam para continuar na sua ofensiva imperialista pelo mundo. Tornou-se recentemente um emblema démodé e sem capacidade de justificar e convencer as atrocidades essenciais a evolução do militarismo ianque. Depois do Sadam, agora o Osama, e os coringas vão sendo retirados do jogo.
Quando armaram e treinaram o Osama, em meio a uma ofensiva comunista destinada a derrocada, assim como foi pelos americanos no Vietnã, não pretendiam ter um aliado no mundo “não civilizado”, pelo contrário a rebeldia do filho saudita rico e pródigo após o braço erguido a fuzis seria essencial para manutenção do Keynesianismo militarista nos governos Reagan e seus sucessores, sobretudo os Bush’s. A queda soviética e do comunismo era questão de tempo, mas a indústria de guerra norte-americana não poderia parar, então se os vilões eram os comunistas, passaram a ser os terroristas conduzidos por uma guerra em nome Alah. Como se as sementes do Monroe, os especialistas em terrorismo (diga-se por Hiroshima e Nagasaki) tivessem alguma moral para se intitularem defensores da liberdade ocidental.
Parece teoria da conspiração, mas nada acontece por acaso. O fracasso do Osama no atentado contra o presidente egípcio foi extremamente oportuno para modificar os objetivos do garoto, filho de homem que de pobre virou um dos mais ricos de todo Oriente Médio, em um de seus principais hobby: procurar inimigos. Xiitas e judeus ficaram de lado após o expulsarem do Sudão, para eleger os norte-americanos como vilões ( por apoiarem os Israelenses). Depois de usurpado em maior parte de sua fortuna, receberia o afago Talibã no Afeganistão, do mesmo grupo financiado pelos americanos contra os soviéticos (na guerra Afegã).
Num mundo que andava tão sem graça, as economias crescendo a ritmos lentos (sem mais a prosperidades dos nipônicos, aqueles mesmos que receberam uma espada no peito e depois uma injeção de adrenalina), com os comunistas comedores de criancinhas fora do jogo, além do desanimado e ingrato Sadam (na guerra do Kuait), tudo indicava que estava-se “ sem lugar para festas”. Contudo, entraria em cena um homem que não conseguiu matar se quer um presidente (que não tinha nem um FBI as costas para justificar), conseguiria pôr abaixo duas embaixadas dos Estados Unidos (no Quênia e Tanzânia) e de quebra um navio de guerra americano (USS Colen). Mais a frente conseguiria colocar abaixo dois dos maiores símbolos ianques, o World Trade Center (maior centro de negócios do mundo) e o Pentágono (a fortaleza impenetrável). Pronto, o baile iria começar e o destino: Oriente. As esteiras fabris voltariam a funcionar, poucos aceitaram o convite, inclusive a velha corte, pena para a Schlumberger que ficou aos prantos, ao ver a Halliburton comendo todo aquele bolo.
Ir ao Afeganistão era a mesma coisa que voltar ao Vietnã, só tolos não viram aquilo. As engrenagens bélicas voltaram a girar justamente quando tudo tava meio parado ( e os tigres asiáticos pararam de rugir), e logo voltaram a se engessar quando um dragão chamado China acordou, ao mesmo passo que ficava difícil convencer o senado que precisava enfiar mais tropas, assim como os poucos que o abraçaram no Afeganistão saiam de fininho( foi ai que a Schlumberger ficou a reclamar quando os franceses “pularam” fora, perdeu uma boquinha de US$ 10 bi por ano). Como somos tolos, e voltamos a acreditar que o velho desafeto da família Bush preparava uma guerra nuclear contra o ocidente e abrigava o maior inimigo do mundo de cristo: o Osama. Este último deixaram se esconder pelas cavernas mais um pouco, enquanto se justificavam pelo Sadam, a presença dos mercenários e da Halliburton do Dick Cheney no Iraque. O Sadam se foi e não acharam nada. Ninguém mais acreditava nos cowboys, se viram só, numa guerra que não fazia mais sentido e pularam fora. Voltar para o Afeganistão não convencia mais ninguém. Como é que um mirabolante terrorista neste meio tempo (2001-2011) não conseguiria fazer mais nada, após fazer o inimaginável? Tinha alguma coisa errada. Pegar o barbudo era só questão de justificar ao povo americano os absurdos trilhonário empenhados em guerras sem sentido a um país com endividamento sem precedentes na história. Também era necessário alimentar um pouco do ego e auto-estima yank, após a desmoralização diante da crise financeira.
Mais do que isso, a morte do Osama terá um repercussão que os norte-americanos estão precisando para alimentar sua economia de guerra. A cartada com o coringa Osama foi dada pela última vez. As lutas internas no mundo árabe de cunho político, rumo as tentativas de democracia vão de encontro ao que sempre pregou os norte-americanos: levar a “democracia” ao mundo árabe. Pois era justamente o financiamento dos autoritários que garantiam a certeza do ódio árabe aos ocidentais e a articulação de grupos internamente para realizarem a guerra em nome Alah. Os americanos fizeram do Osama para os árabes a imagem do maior representante e defensor do mundo árabe. Sua morte irá incitar grupos anestesiados pelas disputas internas a se voltarem ao que realmente não é o real objetivo dos árabes e que vinham superando. Os efeitos das crises continuam pesando nos Estados Unidos, e a história esta ai para comprovar que diante de cenários como o presenciado eles se apegam aos velhos costumes e as engrenagens da sua economia de guerra voltam a girar. Não é atoa que insistem sobre o Irã, outra imagem criada aos árabes de defensores dos saberes de Alah, em sua eterna guerra contra Israel. Atacam ao mesmo tempo dois dos principais símbolos dos árabes ortodoxos, quando o cenário é justamente de instabilidade interna na região, sem grandes atenções externas. A invasão ao Irã será questão de tempo, por mais que não tenham o apoio, da mesma forma que o fizeram no Iraque.
Os próprios americanos criam aos árabes imagens de lideres. O Osama acaba de ser descartado de maneira estratégica, a bola da vez é o Armadinejad.
Por: Magnum Seixas
Veja artigo sobre lucros da guerra no Iraque e como se deu a participação de empresas como a Halliburton:
 - Os Lucros da guerra do Iraque
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