Foi uma das maiores manifestações de trabalhadores nos últimos anos em Catu.
Na manhã desta quarta-feira (26) aconteceu uma das maiores manifestações de trabalhadores no município de Catu. Todos os trabalhadores da empresa 2MS, responsável pela construção de 436 casas de um dos condomínios do Programa Minha Casa Minha Vida, pararam as atividades e fizeram manifestações pedindo o reajuste salarial e a melhoria das condições das instalações. Segundo os trabalhadores os problemas também atingem os operários da empresa Concreta, responsável pela construção de 556 casas do outro condomínio do programa, mas os trabalhadores não aderiram por receio de demissões.
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Instalações precárias atendem os trabalhadores. Na foto: Bebedouro, banheiros e refeitório, lado a lado.
Os trabalhadores protestaram contra o SINDTICCC (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil), que de acordo com o movimento estaria se omitindo do processo, mesmo sendo informado da situação dos trabalhadores desde o mês de fevereiro. Os trabalhadores deixaram a entender que o sindicato teria sido corrompido e por esta condição não estaria ativo no movimento.
Os trabalhadores reivindicam o reajuste salarial de 15% e melhorias na infraestrutura higiênica e de alimentação do canteiro de obras. Segundo os trabalhadores apenas uma fina parede de madeira separa o refeitório dos banheiros, considerados em situação precária. O Expresso registrou imagens da estrutura fornecida aos trabalhadores.
A manifestação que teve início por volta das 04hs da manhã, quando os trabalhadores começavam a chegar no canteiro de obras, se estendeu até as 12hs. O início da manifestação foi na entrada do canteiro de obras, localizado no bairro do Bom Viver, em clima bastante tenso. O supervisor da empresa conversou com os trabalhadores que mantiveram a paralisação. Às 09hs horas os trabalhadores começaram a marchar pelas ruas da cidade em direção a sede do sindicato, que está instalado no bairro do Pioneiro. Por onde passava, a marcha chamava a atenção, com a participação de centenas de trabalhadores e o uso de um carro de som.

Chegando ao sindicato o clima ficou muito tenso. Sem representantes que pudessem resolver a situação, o grupo foi recebido por um auxiliar administrativo. Após muita discussão, o presidente do sindicato, conhecido como Bira, conversou com o vereador Nil Prefeitura e com lideranças do movimento por telefone. O presidente que não estava no município alegou que desconhecia a situação dos trabalhadores nas obras do Minha Casa Minha Vida, mas que a partir daquele momento o sindicato estaria ativo e iria averiguar a situação de perto.

Casas do Programa do Governo Federal atenderão 992 famílias.
Além do vereador Nil prefeitura, o vereador Bibi também acompanhou as manifestações. Os Expresso Região e a Rádio Comunitária Catu FM também acompanharam toda a paralisação. Em contato com Expresso trabalhadores relataram as intimidações que se iniciaram desde que tomaram conhecimento da paralisação, envolvendo autoridades importantes do município. Contudo os trabalhadores pediram para manter o anonimato e esperar os desdobramentos das supostas ameaças.
Nesta quinta a paralisação continua. Uma rodada de negociação também é esperada para amanhã.
Obras atrasadas

Segundo medição da Caixa Econômica obras estão atrasadas.
O processo de implantação do Minha Casa Minha Vida teve inicio em 2012, quando a ex-prefeita Gilcina Carvalho conseguiu viabilizar a construção das 992 casas no município. O programa do Governo Federal custará R$ 59,5 Milhões e estavam previstas para ser entregues este ano. Contudo as medições da Caixa Econômica Federal do mês de janeiro, que financia as construções, apontaram atrasos nas obras. O condomínio no qual os trabalhadores pararam as obras nesta quarta deveria ser entregue em junho deste ano, mas em janeiro menos de 29,6% das obras estavam concluídas. Já o outro condomínio em obras pela empresa Concreta deveria ser entregue no próximo mês de maio, contudo, com os atrasos dificilmente conseguiram atender o tempo estabelecido. Neste último condomínio a mediação da Caixa mostrou que as obras atingiram apenas 49,6%.